terça-feira, 29 de outubro de 2013

OSHO


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Falsas Necessidades

O seu sentimento e o seu pensamento tornaram-se duas coisas diferentes e esta é a neurose básica. Aquele seu lado que pensa e aquele seu lado que sente tornaram-se dois e você identifica-se com a parte que pensa e não com a parte que sente. E sentir é mais real do que pensar; sentir é mais natural do que pensar. Você nasce com um coração que sente, mas o pensamento é cultivado, ele é-lhe dado pela sociedade. E o seu sentimento tornou-se algo suprimido. Mesmo quando você diz que sente, você apenas pensa que sente. O sentimento tornou-se morto e isto aconteceu devido a determinadas razões. Quando uma criança nasce, ela é um ser que sente; ela sente coisas, mas ela ainda não é um ser pensante. Ela é natural, como tudo o que é natural, como uma árvore, um animal. Começamos entretanto a moldá-la a cultivá-la. Ela terá de suprimir os seus sentimentos, os se isto não acontecer, estará sempre com dificuldades. Quando quiser chorar, não poderá fazê-lo, pois os seus pais a censurarão. Será condenada, não será apreciada e nem amada. Não será aceita como é. Deve comportar-se de acordo com determinada ideologia, determinados ideais. Só então será amada. Do modo como ela é, o amor não se destina a ela. Só pode ser amada se seguir determinadas regras. Tais regras são impostas, não são naturais. O ser natural dá lugar a um ser suprimido e aquilo que não é natural, o irreal é-lhe imposto. Esse “irreal” é a sua mente e chega um momento em que a divisão é tão grande que já não se pode mais ultrapassá-la. Você esquece-se completamente do que a sua verdadeira natureza foi ou é. Você é um falso rosto; o semblante original perdeu-se. E você também receia sentir o original, pois no momento em que o sentir toda a sociedade se voltará contra si. Você, portanto, coloca-se contra a sua natureza real. Isto cria uma situação muito neurótica. Você não sabe o que quer; ignora quais são as suas necessidades reais e autênticas, pois somente um coração que sente pode dar-lhe a direcção e o significado das suas necessidades reais. Quando elas são suprimidas, você passa a criar necessidades simbólicas. Por exemplo, você pode começar a comer cada vez mais, enchendo-se de alimento, e nunca sentir que está satisfeito. Você tem necessidade de amor, não de comida. A comida e o amor, entretanto, estão profundamente relacionados. Quando a necessidade de amor não é sentida, ou é suprimida, uma falsa necessidade de comida é criada. Você pode continuar comendo; posto que a necessidade é falsa, ela jamais poderá ser preenchida. E vivemos entregues a falsas necessidades. Por isso não há realizações. - OSHO -
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terça-feira, 15 de outubro de 2013

lindas reflexões








http://yamashitatereza.wordpress.com/2012/09/

Sabedoria Infantil ]

Dicionário de crianças colombianas surpreende adultos!
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O dicionário está no livro Casa das estrelas: o universo contado pelas crianças, de Javier Naranjo, uma obra que surpreendeu ao se tornar o maior sucesso da Feira Internacional do Livro de Bogotá. A surpresa aconteceu especialmente porque o livro foi publicado pela primeira vez na Colômbia em 1999 e reeditado no início desse ano.
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Adulto: Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma (Andrés Felipe Bedoya, 8 anos)
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Ancião: É um homem que fica sentado o dia todo (Maryluz Arbeláez, 9 anos)
Água: Transparência que se pode tomar (Tatiana Ramírez, 7 anos)
Branco: O branco é uma cor que não pinta (Jonathan Ramírez, 11 anos)
Camponês: um camponês não tem casa, nem dinheiro. Somente seus filhos (Luis Alberto Ortiz, 8 anos)
Céu: De onde sai o dia (Duván Arnulfo Arango, 8 anos)
Colômbia: É uma partida de futebol (Diego Giraldo, 8 anos)
Dinheiro: Coisa de interesse para os outros com a qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos (Ana María Noreña, 12 anos)
Deus: É o amor com cabelo grande e poderes (Ana Milena Hurtado, 5 anos)
Escuridão: É como o frescor da noite (Ana Cristina Henao, 8 anos)
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Guerra: Gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz (Juan Carlos Mejía, 11 anos)
Inveja:  Atirar pedras nos amigos (Alejandro Tobón, 7 anos)
Igreja: Onde a pessoa vai perdoar Deus (Natalia Bueno, 7 anos)
Lua: É o que nos dá a noite (Leidy Johanna García, 8 anos)
Mãe: Mãe entende e depois vai dormir (Juan Alzate, 6 anos)
Paz: Quando a pessoa se perdoa (Juan Camilo Hurtado, 8 anos)
Sexo: É uma pessoa que se beija em cima da outra (Luisa Pates, 8 anos)
Solidão: Tristeza que dá na pessoa às vezes (Iván Darío López, 10 anos)
Tempo: Coisa que passa para lembrar (Jorge Armando, 8 anos)
Universo: Casa das estrelas (Carlos Gómez, 12 anos)
Violência: Parte ruim da paz (Sara Martínez, 7 anos)
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Fonte: livro Casa das estrelas: o universo contado pelas crianças, de Javier Naranjo

“Vou começar tudo do zero, eu e este mundo sem nome.”

A frase dita por Vin Diesel logo no início de Riddick 3 parece ser um recado do diretor e roteirista David Twohy aos fãs de Eclipse Mortal, lançado quando o astro da série sequer tinha estrelado o primeiro Velozes & Furiosos. Afinal de contas, após o fracasso de A Batalha de Riddick era preciso retornar ao formato do elogiado original para que a série como um todo pudesse ter algum futuro. O problema: com apenas US$ 38 milhões de orçamento – quase um terço do disponível para A Batalha de Riddick -, o que se vê em cena são efeitos especiais canhestros, bem aquém da qualidade que Hollywood costuma oferecer em seus produtos comerciais. Algo bastante grave em se tratando de um filme onde grande parte das cenas foi rodada usando a técnica do chroma key, aquele fundo verde no qual os atores contracenam para que depois sejam inseridas as imagens computadorizadas. Riddick 3 - FotoA história começa com Riddick abandonado e à beira da morte no tal planeta sem nome, rodeado por animais selvagens bastante estranhos. Este preâmbulo dura cerca de 20 minutos e foca principalmente na interação de Riddick com o ambiente que o cerca, tentando ressaltar o lado “animalesco” do personagem. Como não há outras distrações, é justamente neste trecho em que a má qualidade dos efeitos especiais é mais nítida, seja pelos animais em cena ou o próprio cenário, que remete à vastidão do deserto pouco amigável à sobrevivência. A situação melhora um pouco quando o filme ganha outros atores, que dão algum dinamismo à história. Só que, clichê ao extremo, o filme opta pelos mais do que conhecidos conflitos tolos entre os inimigos e as várias frases de efeito cuja única intenção é “provar” a masculinidade de quem a diz. Diante de tantos estereótipos, Riddick 3 acaba emperrando justamente por ter uma história bastante frágil e nem um pouco surpreendente. A conexão com Eclipse Mortal fica não apenas no formato, mas também através de citações à história original – no melhor estilo “ajude-me a relembrar dela” – e uma certa continuidade à série como um todo. Nem mesmo as cenas de ação conseguem empolgar, já que são bastante prejudicadas pelo clima de vingança após uma série de provocações bobas e pelos já citados problemas com os efeitos especiais. A grande verdade é que Riddick 3 é um tremendo filme B, assumidamente feito sem grandes cuidados, que tem como único trunfo o carisma de Vin Diesel. Por mais que nada ao seu redor funcione a contento, o astro faz o que pode com o que tem em mãos. Fraco. FONTE:http://www.adorocinema.com/filmes/filme-178185/criticas-adorocinema/

O pedófilo que Carlitos escondeu


Depois da leitura deste texto, você certamente continuará admirando Chaplin, mas terá também uma visão mais ampla sobre o homem que Carlitos eventualmente escondia
Carlitos é tão imenso, tão universal, que engolfou Chaplin. Quem é Carlitos? Quem é Chaplin? Carlitos e Charles (Charlie) Spencer Chaplin (1889-1977) se tornaram, com o tempo, uma só pessoa. O personagem se tornou indivíduo e o indivíduo se tornou personagem. Um mito do século 20 que certamente migrará para os próximos séculos. Um ator e diretor admirável, praticamente incomparável. Mas o homem que dizia “amo as mulheres, mas não as admiro” é conhecido apenas dos que apreciam biografias, algumas não raro tediosas e exageradas. Para conhecer a vida e a obra, em sua diversidade, é fundamental ler “Chaplin — Uma Biografia Definitiva” (Editora Novo Século, 792 páginas), de David Robinson. Há uma apresentação nuançada das contradições do artista-indivíduo. “Charlie Chaplin” (Zahar, 120 páginas), de André Bazin, é um clássico. Como vou me ater exclusivamente sobre um aspecto às vezes negligenciado da vida do rei do entretenimento de qualidade, o sexual, cito apenas “A Vida Íntima Sexual de Gente Famosa” (Record, 521 páginas, tradução de Vera Mary Whately), de Irving Wallace, Amy Wallace, David Wallechinsky e Sylvia Wallace. Sensacionalista? Sim, mas com histórias confirmadas pelos livros ditos sérios. A obra não diminui o artista, mas torna o homem mais “mortal”, quer dizer, menos “angelical”. Porque Carlitos aproxima Chaplin de um querubim.
Depois da leitura deste texto, você certamente continuará admirando Chaplin, o genial diretor-ator de “O Garoto” (1920), “Em Busca do Ouro” (1925), “Luzes da Cidade” (1931) e “Tempos Modernos” (1936), mas terá também uma visão mais ampla sobre o homem que Carlitos eventualmente escondia.  O pai de Chaplin, Charles, era alcoólatra e sua mãe tinha problemas mentais. Como o pai abandonou a família e sua mãe vivia internada em sanatórios, o menino passou a infância nas ruas, orfanatos e casas de correção. O adolescente trabalhou como barbeiro, faxineiro de teatro e figurante em peças de vaudeville.
Nascido na Inglaterra, Chaplin foi para os Estados Unidos em 1913, aos 24 anos. Integrante da Companhia Fred Karno, “um grupo inglês de teatro vaudeville”, chamou a atenção do produtor Mack Sennet, que o convocou para o cinema. Agradou o público americano e, depois de oito filmes, amealhou 1 milhão de dólares — na época, uma fortuna considerável. Em sete anos, de 1913 a 1920, fez 69 filmes mudos. “Perfeccionista temperamental, frequentemente rodava 50 vezes a quantidade de metragem necessária.”
Um dos primeiros workaholics do cinema, Chaplin não parava. Era uma “máquina” de produzir filmes, quase sempre de alta qualidade. Ao mesmo tempo que trabalhava muito, o ator-diretor tinha uma vida sexual intensa e pouco ortodoxa. Ele dizia que gostava de fazer sexo quando “estava chateado”. “Sua preferência era por garotinhas; o resultado disso foram quatro casamentos (três com mulheres de 18 anos ou mais moças), 11 filhos, e um harém de amantes.”
Homem de energia invulgar, tanto artística quanto física, Chaplin batizou seu pênis de “oitava maravilha do mundo” — devido ao tamanho “avantajado”. “Chaplin gostava mais do que qualquer outra coisa de deflorar uma meninota virgem”, nota Irving Wallace. “A forma mais bonita da natureza humana é a menina bem mocinha começando a desabrochar”, disse, nada politicamente correto para os tempos atuais.
Chaplin tinha o hábito de acolher meninas em seu estúdio. A primeira da lista, Mildred Harris, tinha 14 anos, em 1916, quando entrou para o círculo íntimo do diretor. Chaplin prometeu que a garota seria estrela de um filme, mas, quando ela disse que estava grávida, o diretor não gostou. Sob pressão da mãe de Mildred, teve de se casar, em 1918. “A gravidez de Mildred era alarme falso.” Mais tarde, tiveram um filho, com deficiência física, que viveu apenas três dias. O ator e a alpinista social se divorciaram em 1920.
Irving Wallace conta que, para atrair garotas, Chaplin contratava “artistazinhas” para dublar a atriz principal, “tanto em cena como na cama”. Lita Gray chamou a atenção do diretor quando tinha somente 6 anos. Aos 12 anos, andava pelo estúdio de Chaplin “sob os olhares amorosos do seu diretor dominador. (…) Em 1923, durante a filmagem de ‘Em Busca do Ouro’, tentou violentá-la no quarto de hotel que ela ocupava. ‘Ele beijou minha boca e meu pescoço e seus dedos voaram para o meu corpo apavorado’, escreveu Lita”. Mas Chaplin não era um Casanova que desistia. Depois de muito insistir, “tirou a virgindade de Lita”, na sauna de sua casa. “Chaplin era muito consciente de seu charme sexual. Uma vez, quando Lita comentou que ele podia provavelmente ter qualquer uma de cem meninas em dois minutos, Chaplin corrigiu-a rapidamente. ‘Cem, não’, disse ele, ‘mil’.” Como o diretor não usava preservativos, pois achava-os “repelentes”, Lita, de 16 anos, ficou grávida. Chaplin tinha 35 anos.
Ao ser informado por Lita da gravidez, Chaplin sugeriu que abortasse. Lita rejeitou a proposta e não quis 20 mil dólares para se casar com outro homem. “Ameaçado por um processo de paternidade e acusação de estupro, Chaplin concordou em se casar. Na viagem do México a Los Angeles, depois do casamento, em 24 de dezembro de 1924, ele sugeriu à sua mulher grávida que se suicidasse, atirando-se pela janela do trem. Ainda assim, apesar de sua hostilidade, Chaplin conseguia separar o sexo da afeição, declarando que podia fazer amor com Lita embora a detestasse”, revela Irving Wallace. Em 1926 — bem antes, portanto, das investigações implacáveis do FBI de Edgar J. Hoover e do macarthismo —, Lita, então com dois filhos de Chaplin, pediu divórcio. Na ação — cópias eram vendidas nas ruas —, Lita dizia (é sua versão, mas crível) que “Chaplin teve nada menos do que cinco amantes durante os dois anos de casado; ameaçou-a com um revólver carregado mais de uma vez; quis tentar um ‘ménage à trois’, e demonstrou grande desejo em fazer amor em frente a uma plateia”. Lita também se recusava a fazer sexo oral em Chaplin, o que o deixava irritado.
A terceira mulher de Chaplin, a atriz Paulette Goddard, não era menor quando se casaram. Tinha 20 anos. O casamento, realizado no seu iate, o “Panacea”, naufragou cedo. Em 1941, Joan Barry, de 22 anos, começou a persegui-lo, dizendo-se apaixonada. O artista gostou, mas apenas no início. Porque Joan era maluca e quebrava janelas de sua casa e ameaçava se matar. Tinha o hábito de invadir sua casa e, por isso, Chaplin chamou a polícia para prendê-la. Estava grávida de três meses, mas o diretor não se importou com isso e Joan ficou um mês detida.
Em seguida, quando seus filhos assediavam Oona O’Neill (1925-1991), filha do dramaturgo Eugene O’Neill, Chaplin, sempre atento às meninas novas, cantou-a e prometeu-lhe casamento. Levou a melhor. Oona tinha 17 anos. Eles se casaram em 1943. Foram felizes, dizem as biografias. Aos 54 anos, Chaplin parecia sossegado, ainda que existam suspeitas de que tenha mantido algumas amantes. Mas sua vida, pouco a pouco, foi deixando de ser escandalosa e os tabloides perderam o precioso maná.
Mesmo se relacionando com a equilibrada Oona, Chapin continuava “perseguido” por Joan Barry, que, além de um processo de paternidade, exigia uma polpuda pensão. Chaplin deu-lhe dinheiro e, por isso, acabou indiciado pelo governo. No julgamento, um verdadeiro circo, o advogado de Joan disse que Chaplin era “um nanico de Svengali” e “um homem desprezível e libidinoso”. Talvez seja uma síntese do Chaplin que se esconde na pele do “romântico” Carlitos, mas, claro, há também um evidente exagero, porque o ator-diretor, como criador, era muito mais do que disse o advogado. Como um exame mostrou, a criança não era filha do famoso diretor. Na verdade, Joan e o advogado queriam arrancar dinheiro do milionário Chaplin, o Pelé do cinema. Para chocar a plateia, e para forçar Chaplin a negociar, o advogado chegou a dizer que, sexualmente, o artista era impotente. Aos 55 anos, sem qualquer receio, Chaplin disse que “ainda era bastante potente sexualmente”. Irving Wallace declara que, embora absolvido e não fosse o pai da criança, “foi obrigado a pagar pensão”.
Como a imprensa e políticos americanos, como o senador Joseph McCarthy, anticomunista ferrenho, começaram a “perseguir” Chaplin, assim como fizeram com outros atores e diretores de cinema, o artista e Oona mudaram para a Suíça. Segundo Irving Wallace, Chaplin e Oona eram “felizes” e mantinham um relacionamento “sereno”. “Se tivesse conhecido Oona ou uma moça como ela há muitos anos, jamais teria tido problemas com mulheres. Toda minha vida esperei por ela sem nunca saber”, disse Chaplin — culpando, claro, as mulheres e perdoando-se pela libido exacerbada. As biografias admitem que procede que muitas mulheres se aproximavam do diretor para arrancar dinheiro ou conseguir bons papeis em seus filmes. Eram alpinistas sociais ou profissionais. “Chaplin teve mais oito filhos — o último quando estava com mais de 70 anos.”
O que se disse acima diminui Chaplin? Como artista, não. Porque os filmes de Chaplin aproximam-se de arte, porque são finamente perspicazes, artesanais e suas digitais aparecem com firmeza. Alfred Hitchcock e John Ford  aproximavam-se de Chaplin. Ao mesmo tempo, como queria o próprio Chaplin, que jamais se considerou ideólogo, são entretenimento de primeira. Como escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade, “ó Carlito, meu e nosso amigo, teus sapatos e teu bigode/caminham numa estrada de pó e de esperança”. Chaplin e Drummond, “cansados” de serem modernos, se tornaram eternos, possivelmente. Com a recuperação de uma parte de sua vida que é intencionalmente esquecida, soterrada pelo mito, o da perfeição, e pelo crítico corrosivo da sociedade moderna, a que transforma o homem em máquina, tão descartável quanto uma máquina velha, o homem Chaplin talvez saia menor. Mas é provável, se visto de outro prisma, que o homem fica mais humano, com suas contradições e idiossincrasias. A vida sexual desregrada — às vezes com mulheres oportunistas, mesmo menores — integra a vida íntima do cidadão Chaplin.

Um campeão do sexo numa era pré-Viagra

As mulheres menos famosas aproximavam-se de Charlie Chaplin por dinheiro ou para conquistar um papel de proa em seus filmes. O diretor dava algum dinheiro e aproveitava-se — se é que só ele se aproveitava — de quase todas que o beiravam. Mas Chaplin, segundo Irving Wallace e parceiros, também “orgulhava-se de ir para a cama com mulheres influentes. Algumas das que conquistou foram Clare Sheridan, prima do primeiro-ministro inglês Winston Churchill; as atrizes Mabel Normand, Edna Purviance, Pola Negri, Louise Brooks e Marion Davies, a estrela que teve um longo caso com William Randolph Hearst [o inimigo de Orson Welles], e Peggy Hopkins Joyce, uma ‘Ziegfield Girl, que se tornou uma das mulheres mais ricas do mundo casando-se com cinco milionários. Ela e Chaplin eram muitas vezes vistos nadando nus perto da Ilha de Catalina”.
Chaplin tinha o hábito de recitar passagens eróticas de “Fanny Hill” e “O Amante de Lady Chaterley”, o belo (e proibido) romance de D. H. Lawrence, para as mulheres com as quais fazia sexo. Era um fenômeno na cama, segundo Irving Wallace. Ele tinha seis relações sexuais seguidas — antes do Viagra e do Cialis —, “com intervalos de cinco minutos, entre cada uma”. Gostava de voyeurismo. “Montou um telescópio de longo alcance em sua casa, que permitia ver o quarto de dormir de John Barrymore.”
Um de seus pensamentos preferidos: “Nenhuma arte pode ser aprendida de repente. E fazer amor é uma arte sublime, que exige prática para ser verdadeira e significativa”.

CARLOS DRUMOND ANDRADE

Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo